O uso de baterias em aplicações industriais, robótica e de automação tem registado um crescimento exponencial, impulsionado pela eletrificação global, digitalização da indústria e dependência crescente de fontes renováveis. De acordo com a SolarPower Europe, em 2023 foram instalados na Europa 17,2 GWh de sistemas de armazenamento de energia em baterias, representando um aumento de 94% face a 2022. Em 2024, esse valor aumentou para 21,9 GWh, elevando a capacidade acumulada para 61,1 GWh. Parte desta capacidade está associada a aplicações residenciais, o que demonstra a penetração crescente do autoconsumo e das soluções fotovoltaicas com armazenamento integrado. Paralelamente, estima-se que existam mais de 10 milhões de sistemas solares domésticos na União Europeia, com cerca de 1,1 milhões de baterias residenciais instaladas, destacando a importância crescente da gestão segura e eficiente destes equipamentos. Estes dados refletem uma necessidade crescente de soluções estruturadas e normativas para o armazenamento físico de baterias, e os armários técnicos especializados tornaram-se componentes críticos nesse cenário.
A multiplicação de tecnologias de baterias — como as de chumbo-ácido, ião de lítio (em especial LiFePO₄), baterias de fluxo redox, entre outras — implica uma diferenciação no tipo de armazenamento necessário. Cada tecnologia apresenta riscos específicos, como fuga térmica, emissão de gases, reações químicas com o meio ou mesmo risco de incêndio. Assim, os armários destinados ao armazenamento de baterias não devem ser vistos como simples compartimentos, mas como infraestruturas de segurança ativa, integradas nos sistemas elétricos e energéticos das instalações. Estes armários são desenhados para garantir contenção, ventilação, monitorização e, quando necessário, intervenção automática, oferecendo proteção a pessoas, equipamentos e ao património físico das empresas.
As baterias solares, por sua vez, merecem especial atenção. Utilizadas para armazenar a energia gerada em sistemas fotovoltaicos, estas baterias são o coração de muitas instalações de autoconsumo, micro-redes e sistemas de backup energético. As mais comuns neste segmento são as baterias de chumbo-ácido (incluindo AGM e GEL), de ião de lítio (com destaque para a tecnologia LiFePO₄) e, em instalações de maior porte, as baterias de fluxo redox, como as de vanádio. Cada tipo exige requisitos específicos de ventilação, contenção e monitorização. As baterias de chumbo, por exemplo, são conhecidas pela emissão de hidrogénio durante o processo de carga, o que impõe a necessidade de armários ventilados — preferencialmente com ventilação forçada e sensores de gás. Já as baterias de lítio, embora mais eficientes e seguras nas variantes modernas, requerem controlo rigoroso de temperatura, proteção contra curtos-circuitos, e podem beneficiar de armários com isolamento térmico e sistemas de supressão de incêndio.
Os armários técnicos disponíveis no mercado europeu podem ser agrupados em três grandes categorias: passivos, ventilados e ativos (ou inteligentes). Os armários passivos são construídos com materiais resistentes ao fogo e à corrosão, frequentemente aço galvanizado com pintura epóxi, e possuem prateleiras ajustáveis, bandejas de contenção e sinalização de risco. São indicados para armazenar baterias descarregadas, em repouso ou fora de operação. Não incluem ventilação ativa nem sensores, sendo apropriados para ambientes de baixo risco. Já os armários ventilados incorporam sistemas de ventilação natural ou forçada, com grelhas, exaustores e, em muitos casos, sensores de concentração de gases como o hidrogénio. Estes modelos são apropriados para baterias em carga ou operação regular, especialmente chumbo-ácido ou tecnologias químicas com emissão de compostos voláteis. A conformidade com a norma EN 50272-2 é essencial neste tipo de equipamento, que deve garantir a diluição adequada dos gases para evitar explosões ou intoxicações.
Os armários inteligentes ou ativos representam o nível mais elevado de sofisticação e segurança. Estes armários integram sensores de temperatura, humidade, gás e fumo, bem como sistemas de alarme acústico e visual. Muitos incluem extinção automática por gás inerte ou névoa fina, fecho eletrónico, monitorização remota via SCADA ou BMS, e registo de dados históricos sobre as condições internas e as baterias armazenadas. São ideais para ambientes críticos como centros de dados, hospitais, indústrias com robótica intensiva e instalações laboratoriais. Alguns modelos oferecem ainda carregamento interno controlado, balanceamento de carga, controlo de acesso por cartão ou biometria, e integração com plataformas de gestão energética. Há também armários híbridos e modulares, utilizados em operações logísticas ou industriais onde a troca frequente de baterias é necessária, como em veículos guiados automaticamente (AGVs) ou robôs móveis (AMRs). Estes armários podem funcionar como estações de carregamento inteligente, com portas automatizadas, identificação RFID e capacidades de monitorização célula a célula.
As normas e regulamentos aplicáveis ao armazenamento de baterias em armários são extensos e visam assegurar a segurança elétrica, térmica, estrutural e ambiental. Destacam-se a IEC 60364 (instalações elétricas de baixa tensão), IEC 62619 (segurança de baterias para uso industrial), IEC 62133 (segurança de baterias portáteis), EN IEC 62485-2 (requisitos de segurança para baterias estacionárias) e EN 50272-2 (instalação e ventilação de baterias). Armários resistentes ao fogo devem cumprir a norma EN 14470-1, com classificações de resistência de 30, 60 ou 90 minutos, dependendo da aplicação. Em termos ambientais, aplicam-se ainda as diretivas REACH, WEEE e o regulamento ADR para transporte de baterias danificadas ou em fim de vida.
Do ponto de vista estatístico, a necessidade de armários seguros é sublinhada pelos incidentes crescentes relacionados com baterias. Na Europa continental, vários relatórios técnicos registam aumentos significativos de incidentes com baterias em ambientes domésticos e industriais, sobretudo ligados a fugas térmicas, sobrecargas ou armazenamento impróprio. Estes dados reforçam a importância da contenção física adequada, bem como da implementação de sensores de deteção precoce e sistemas de ventilação ou extinção automáticos. Em ambientes industriais, o não cumprimento das normas de armazenamento de baterias pode resultar não só em perdas materiais avultadas, mas também em responsabilidade civil e penal em caso de acidente.
O mercado europeu de armazenamento estacionário de baterias deverá crescer para 400 a 780 GWh até 2030, segundo projeções de organismos como a BloombergNEF e a SolarPower Europe. Em termos económicos, estima-se que o valor do mercado atinja os 45 mil milhões de euros em 2030, com taxas de crescimento anuais superiores a 14% em segmentos residenciais, comerciais e industriais. Estes números reforçam a urgência de planear a infraestrutura de armazenamento com a mesma seriedade com que se dimensionam os sistemas de geração e consumo.
A correta gestão do armazenamento físico das baterias deve incluir ainda a separação de unidades danificadas, usadas ou em fim de vida. Estas devem ser mantidas em armários dedicados, com ventilação própria, bandejas de contenção reforçadas e acesso restrito. A rastreabilidade digital, o controlo do ciclo de vida (State of Health – SoH) e a integração com sistemas de manutenção preditiva são boas práticas que já fazem parte da realidade de empresas com gestão energética avançada. A eliminação e transporte de baterias defeituosas devem respeitar o regulamento ADR e ser executados por operadores licenciados, garantindo a proteção ambiental e evitando penalizações legais.
Concluindo, o armazenamento de baterias em armários técnicos apropriados não é apenas uma boa prática, mas uma exigência operacional num contexto cada vez mais eletrificado, automatizado e descentralizado. A escolha do tipo de armário — passivo, ventilado, inteligente ou híbrido — deve considerar o tipo de bateria, os riscos químicos e térmicos associados, o ambiente de instalação e os requisitos legais. Em particular no setor solar, onde o crescimento de sistemas com baterias é explosivo, a segurança deve estar no centro da conceção das infraestruturas. A integração de armários técnicos na arquitetura energética das empresas representa não só um ganho de segurança, mas também de fiabilidade, eficiência e sustentabilidade.
AnVent SCHROFF, representada em exclusivo para o mercado português pela SAE – Sistemas de Automação e de Energia, é uma marca de referência internacional na área de armários de eletrónica, conhecida pela sua qualidade e fiabilidade. Com um know-how de mais de seis décadas, desenvolve soluções que respondem às exigências de sectores como o industrial, ferroviário, militar e telecomunicações. Os seus produtos asseguram proteção mecânica, térmica e contra interferências eletromagnéticas. A engenharia de precisão e a durabilidade são marcas distintivas da nVent SCHROFF.
Artigo de 28/07/2025
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